Casa Redonda. Carapicuíba, SP.

Há uma sede principal, redonda (rs), onde há uma espécie de buraco com um colchão no centro, no qual as crianças se jogam e brincam livremente. Ao redor deste primeiro andar, encontra-se uma arara de fantasias, pequenas mesinhas, livros e materiais de arte. No andar de cima estão as salas da secretaria.
A educação é baseada na relação com a natureza, no encontro das crianças com elas mesmas, na liberdade e no livre brincar. Todas se integram movidas por interesses comuns, independentemente de sua faixa etária. As crianças criam suas próprias brincadeiras, escolhem espontaneamente as diferentes atividades individuais ou em grupo, assim como participam das propostas dos educadores. Certas atividades são estimuladas e os educadores as convocam para participar.

Conversei com uma educadora que trabalha com massagem e toque sensível. Algumas crianças recebem esta massagem diante de alguma necessidade emocional, ou simplesmente pela importância de desenvolver esta sensibilidade ao toque do outro. No mais, há uma educadora que vem na escola para trabalhar determinadas lições como, por exemplo, exercícios de lógica e de colorir. As crianças também têm autonomia de pegar as suas pastas e resolver os exercícios quando têm vontade. Haviam diversas imagens indígenas para colorir – as educadoras criticam as imagens infantis dos dias atuais, pois afirmam ser desconectadas da realidade. Acredita-se na importância de se oferecer diagramas e imagens indígenas presentes principalmente em cestos e artesanatos.

No dia da minha visita, por conta da véspera do feriado de Páscoa, as crianças estavam entretidas buscando os ovos pelo espaço em uma espécie de caça ao tesouro. Outras brincavam livremente no parquinho ou com cavalinhos de pau. Uma criança estava aprendendo a subir na árvore - Péo observava calmamente e dava algumas dicas como, por exemplo, pisar nos galhos mais grossos. Depois, o educador sugeriu um jogo de futebol: crianças de 2 anos até 6 brincavam juntas, naturalmente. Outras entravam em uma grande bacia e navegavam em seus barcos.
Ao entrar na Casa Redonda, uma primeira pergunta veio à mente: floresta mágica, bosque encantado ou escola? Conforme ia adentrando neste espaço verde gigantesco, mais compreendia que estas opções não eram excludentes. O estranhamento deveria ser ao revés: estranho é pensar uma educação que não aborde tamanho contato com a natureza. A Casa Redonda é uma grande chácara com mais de 5000 hectares de terra, árvores e flores. A Casa Redonda convoca a relação da natureza com o livre brincar.
A escola funciona há 30 anos recebendo crianças de 2 anos e meio a 6 anos. Ela trabalha com 30 crianças e não tem a pretensão de ampliar este número, pois acredita em uma educação singular e atenciosa. São 6 educadores trabalhando constantemente de 08.30h as 12.30h, além de outros educadores que vão na escola para atividades específicas. As crianças de diferentes idades passam o dia brincando e interagindo

É possível se perder na imensidão do espaço verde da escola. Há uma área na qual se localiza um parquinho de areia, outra com balanços e brinquedos de parque, traves de futebol, etc. Em um nível abaixo, encontramos uma horta, assim como uma trilha que leva até “a caverna do dragão”. As crianças costumam construir as suas próprias espadas para enfrentar esse “dragão”. Presenciei uma cena na qual uma delas pegava a caixa de ferramentas e convocava uma educadora para juntos cerrarem uma madeira e martelarem os pregos para a construção da espada.
As demais estruturas fechadas são feitas de madeiras, como grandes chalés. Há um salão, refeitório, biblioteca, além de uma pequena garagem onde estão caixotes e materiais de arte e brinquedos. É possível observar uma outra estrutura redonda e vazada, na qual encontrei pequenas mesinhas com tintas, baldes de areia com brinquedos, etc. Perto da casa redonda principal, há uma pequenina casinha de madeira, como uma casa na árvore, na qual as crianças costumam fazer algumas lições ou receber massagem.

A Péo é educadora e dona da escola. Ela mora neste espaço há 50 anos. Disse ter trabalhado no município por 18 anos, até que chegou um momento em que pensou: ou eu deixo de ser educadora ou crio algo completamente diferente. Assim, criou este espaço mágico e vive ali diariamente. A escola é privada e recebe alguns alunos bolsistas. Há grandes listas de espera.

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