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Escola Democrática Kfar Saba, Israel.

A escola de Kfar Saba é pública e conta atualmente com 400 alunxs de 6 até os 18 anos. A sua organização se divide em quatro “casas” (mais ou menos referente a ciclos de idades). Apesar de cada “ciclo” possuir um prédio de referência, não há salas fixas por turmas e tampouco professorxs fixos.  A escola possui um parquinho bem lúdico e se encontra próxima à uma pequena floresta, na qual as crianças realizam passeios semanalmente. A escola é aberta para a participação de crianças árabes e judias. Infelizmente, só há 2 alunos árabes na escola. Xs educadorxs gostariam que houvessem mais, porém compreendem que esta é uma situação política e socialmente complexa. 

A escola de Kfar Saba foi extremamente receptiva comigo do início ao fim. Desde o primeiro contato via e-mail, eles se preocuparam com a minha estadia em Israel, minha forma de locomoção até a escola, dificuldades com a língua, etc. Ao chegar na cidade, David, um educador da escola, me buscou no ponto de ônibus e fomos de carro até o local. A escola democrática de Kfar Saba existe há 20 anos. A escola é muito bonita, rodeada de áreas verdes e bosques. Há uma fazenda ao lado da escola aberta para a comunidade, onde todxs podem pegar os alimentos ali plantados. A escola possui um espaço para aulas de marcenaria e ateliês de artes.

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Trata-se de uma escola democrática com muita autonomia, onde os estudantes fazem a sua própria programação escolar. Há um roteiro semanal individual no qual cada um pode organizar o que fazer em cada horário. Em cada horário, existe cerca de 5 opções de atividades disponíveis oferecidas pelxs professorxs. Estas atividades/disciplinas foram construídas juntamente com os estudantes no parlamento. A escolha de uma atividade não é obrigatória. Caso haja algum aluno que não se interesse por nada que foi proposto, cabe algum/a educador/a entender o que está acontecendo, uma vez que todxs tem possibilidade de sugerir uma atividade/tema no parlamento. Considera-se os momentos “livres” também como uma aprendizagem rica e relevante. Matérias como artes, dança, futebol são vistas no mesmo pé de igualdade das clássicas como matemática, hebraico, histórica, etc.

Trata-se de uma escola democrática com muita autonomia, onde os estudantes fazem a sua própria programação escolar. Há um roteiro semanal individual no qual cada um pode organizar o que fazer em cada horário. Em cada horário, existe cerca de 5 opções de atividades disponíveis oferecidas pelxs professorxs. Estas atividades/disciplinas foram construídas juntamente com os estudantes no parlamento. A escolha de uma atividade em cada horário não é obrigatória. Caso haja algum aluno que não se interesse por nada que foi proposto, cabe algum/a educador/a entender o que está acontecendo, uma vez que todxs tem possibilidade de sugerir uma atividade/tema no parlamento. Considera-se os momentos “livres” também como uma aprendizagem rica e relevante. Matérias como artes, dança, futebol são vistas no mesmo pé de igualdade das clássicas como matemática, hebraico, histórica, etc.

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A dinamica se assemelha muito a montagem da grade horária de disciplinas universitárias: você escolhe ou não pegar disciplinas de acordo com os horários. Os professorxs podem recomendar uma matéria para uma certa idade mais velha ou mais nova, explicitando isso no início do semestre (ex: para cursar determinada matéria, é necessário ter algum onhecimento prévio sobre certas noções).  O curso é construído em conjunto, podendo incluir aulas formais, passeios, dinâmicas, etc. O currículo é discutido no parlamento, onde participam xs alunxs, professorxs, funcionarixs e familiares. Todxs podem sugerir temas a serem trabalhados no ano seguinte. Tal currículo leva em consideração as exigências do Ministério da Educação. O parlamento é o grande espaço de decisões da escola, onde se estabelecem regras e debatidas todas as questões da escola, inclusive a parte orçamentaria. 

A escola não possui provas. A professora acompanha os estudantes de perto,  sabendo quais são suas dificuldades, desafios, novidades. Desse modo, a prova enquanto instrumento avaliativo perde o sentido, pois a aprendizagem é construída dia a dia. As próprias crianças quando não estão compreendendo algum assunto levantam a mão e expõe isso, pois trata-se de algo natural e não de algo a se envergonhar. Os grupos de cada matéria são pequenos, o que facilita esse contato mais próximo.  Em alguns horários, xs educadorxs permanecem em algum local especifico (por exemplo, biblioteca) e os estudantes que tenham dúvidas ou necessitem de ajuda, podem ir até lá para solicitar orientação. Há casos de educadorxs com especialidade em algum assunto, por exemplo em matemática, sendo possível recorrer para obter orientação em uma tarefa desta área.  Se um estudante quiser estudar algo especifico, é possível formar um pequeno grupo e estudar com ajuda deste/a educador/a.  Se a realização do “vestibular” for um desejo dx alunx, a escola dará todo o suporte necessário para isso. Xs professorxs se disponibilizam a dar aulas extras focadas neste objetivo.

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Desde de pequenas, as crianças têm autonomia para escolher o que elas gostariam de fazer em cada hora do dia.  Pode ser que ao entrar na escola, a criança queira só brincar ao ar livre. Mas aos poucos, ela começa a se interessar pelas atividades, inclusive diante da possibilidade de eleger e propor atividades no parlamento. Toda criança tem vontade de aprender e ali elas podem construir como irão aprender e o que querem aprender. Perguntei como as crianças menores lidavam com a organização das atividades e como sabiam qual horário era cada. Ele disse que no inicio xs professorxs estimulam perguntando qual é a atividade do próximo horário, ou as vezes anunciam “pessoal, já estamos no segundo horário das atividades do dia!”.

Cada estudante possui um tutor de referência. No início do ano, escolhe-se qual tutora o estudante mais se identifica e semanalmente há encontros de 20 minutos entre o tutor e o estudante, assim como encontros coletivos com todxs xs aestudantes que escolheram este mesmo tutor. Este tutor será quem irá acompanhar o estudante ao longo de todo ano, inclusive estando em contado com os mais professorxs para saber como anda o desempenho deste estudante, suas dificuldades, suas conquistas, etc. No ano seguinte, pode-se optar por manter x mesmo tutor ou escolher outro. No mais, o trabalho dos professorxs é diverso: ipode ser que um/a professor/a passe a manhã no pátio da escola observando as crianças brincarem e servindo como um adulto de referência daquela área do parquinho; na parte da tarde, elx pode dar algum curso; depois participar do parlamento, etc.

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Visitei um grupo de crianças com necessidades especiais. A escola de Kfar Saba foi a primeira escola de Israel a receber crianças autistas. Esta turma trabalha de modo separado dos demais (com atividades e educadorxs específicos), havendo diversos momentos de encontros e trocas com xs outrxs alunxs da escola. Estas crianças também participam de algumas matérias eletivas com os demais. Algumas crianças tem acompanhamento de algum mediador, mas quem decide esta questão é o Ministério da Educação: ou a criança se inscreve na escola para a turma de necessidades especiais ou se inscreve para as atividades com os demais, porém com acompanhamento de um mediador. O trabalho com a turma de necessidades especiais é feito com professorxs e com pessoas que fazem trabalho voluntário durante o exército.

Ao longo da minha visita, conversei com uma aluna que participa do comitê de visitas. Ela me apresentou o espaço e me contou um pouco mais sobre a escola. Disse que existem diversos comitês: comitê de mediação de conflitos; parlamento; horta; artes; eventos, etc. Em uma conversa com a diretora da escola,  entendi que esta escola era considerada mais “rígida” que as demais escolas democráticas de Israel devido a sua divisão em “aulas eletivas”, “horários”, etc. Se por um lado isso agrada os pais, por outro limita parte da liberdade das crianças.

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Fiquei muito feliz com a visita nesta escola e com a forma como fui acolhida. Trata-se onde as brincadeiras são tão valorizadas quanto as matérias mais formais. Apesar do currículo ser decidido no final do ano anterior, há total espaço para que as aulas se flexibilizem de acordo com demandas que surjam no dia a dia. Se as crianças tiverem um passeio no bosque e ao voltar, desejarem se aprofundar em alguma temática que foi despertada neste dia, haverá possibilidade de realizar esta nova pesquisa. Enfim, trata-se uma escola que preza pela participação, diálogo e escuta uns dos outros.

Para mais informações:

https://www.facebook.com/pg/Democraticks/about/?ref=page_internal

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