Escola Estadual Irene Ribeiro, São Paulo.

A escola toda abarca sempre um grande projeto central. Neste ano, o projeto é “volta ao mundo em 200 dias (letivos) ”. Cada turma se baseia em um país e seus estudos são feitos a partir deste pano de fundo. Assim, todas as disciplinas de conectam com o tema do projeto. Cada turma possui um professor de referência (ministra as aulas de português, matemática e socioemocional) e um professor colaborativo. As aulas de história e geografia são dadas por um professor referência de outra turma. Na escola também há os professores especialistas em inglês, educação física e artes. As aulas são dadas em pequenos grupos de discussão, nunca em fileiras. Assim, há uma proposta de construção coletiva dos estudos. As aulas não são limitadas ao espaço de sala de aula, podendo acontecer em qualquer espaço da escola.

Os jovens também são estimulados a protagonizarem seus processos, a partir de um programa de lideranças. Encontrei crianças mais velhas organizando atividades para crianças mais novas no intervalo do almoço, ou sendo monitoras de algumas salas. A escola possui provas, assim como diversas outras avaliações. Os alunos que possuem maior dificuldade têm um tempo para “recuperação”, isto é, um momento de dedicação exclusiva e individualizada do professor com o aluno. Além disso, por ser dupla docência, um dos professores pode dar maior atenção para este aluno com dificuldade na própria sala de aula. A coordenadora contou que após o PEI, o índice de evasão escolar é zero.

Visitei a Escola Estadual Irene Ribeiro localizada em Vila Carrão, na periferia de São Paulo. A princípio, fui motivada pela aula de educação socioemocional: tal aula está dentro do projeto PEI – Programa de Ensino Integral. Este programa já está em diversas escolas públicas de SP e esta seria uma "escola modelo" deste projeto. O PEI é diferente de ETI (Ensino de Tempo Integral), pois dizem não acreditar na dinamica de divisão de tempos escolares - o ensino acontece a todo momento em todo lugar. Esta escola possui 430 alunos (1º a 5º ano) e 30 professores (não estão lá por concurso e sim através da formação de uma equipe montada por perfil). O PEI está nesta escola desde 2015 e, de acordo com a coordenadora, "revolucionou" a escola. Além disso, há uma formação constante – toda a semana há aulas de capacitação propostas pelos próprios professores. Além do PEI, a Escola Irene Ribeiro recebe doações do projeto Parceiros da Educação. A escola é enorme: além de muitas salas de aula, possui um pátio gigante com quadra coberta, quadras abertas, biblioteca, sala de multimídia, horta, entre outros.

O PEI também abarca uma assembleia feita semanalmente pelos alunos. No início do ano, os alunos discutem os principais problemas da escola. A partir destes temas elencados, dedica-se cada mês para o aprofundamento, discussão e propostas de solução. Ou seja, no inicio deste ano, viu-se que o lixo na escola, machismo, bullyng e falta de água eram problemas da escola. Assim, a cada mês, houve uma discussão e pesquisa profunda nestes temas. A última assembleia do mês é feita junto aos pais/mães, onde são pensadas soluções.

Conheci os projetos de matemática (EMAI) e de português (Projeto ler e escrever) da escola. Pareciam ser bem interessantes, pois falam destas áreas de forma integrada com as demais e preocupados com uma contextualização na vida das crianças. Estes projetos são propostos pelo governo e entregues por meio de um livro didático para toda a rede. São apostilas com exercícios que os alunos realizam em ordem, mas que apresentam conteúdos integrados com o cotidiano. Vale pesquisar mais a respeito.
Assisti uma aula de socioemocional. Ao fim, a professora foi extremamente atenciosa – me explicou a aula, o processo que aquela turma estava passando, os exercícios, etc. Ela me mostrou uma ficha onde estava escrita a aula que assisti. A aula estava exatamente descrita na folha, nos seus mínimos detalhes. Todas as falas da professora estavam minuciosamente ali. A professora disse que a aula de socioemocional fez toda a diferença naquela escola e na qualidade de seu trabalho. Os alunos estavam mais calmos e respeitosos. Não havia mais brigas no recreio e eles conseguiam se resolver sozinhos.Ela disse que agora as crianças são capazes de reconhecer o sentimento dos outros, o que cada um está sentindo e como podem se respeitar. Possuo uma visão crítica sobre esta forma de abordagem e considerei mecânica e reprodutiva. Assim sendo, não consideraria esta escola democrática por esta aula, e sim pelas demais dinâmicas escolares.
Para mais informações:
https://www.facebook.com/escolairene.ribeiro
