Escola Inkiri, Piracanga. Bahia.

Em 2016, a escola Inkiri fez uma mudança radical. A escola vem se transformando muito, sendo uma do experiencia viva e orgânica. Entretanto, há um ano atrás, decidiram ser apadrinhados pelo professor José Pacheco e criar uma escola baseada em projetos e, futuramente, construir uma comunidade de aprendizagem. Antes, a escola Inkiri era totalmente livre e não diretiva. Diante de uma demanda dos pais/mães por mais direcionamento, convidaram o Zé Pacheco para orientar um novo projeto escolar. De acordo com a atual diretora, é importante que os alunos entrem em contato com conteúdos e com um ensino mais sistematizado, devendo haver um equilíbrio entre um ensino com afeto, amor e respeito e um ensino com certa organização.
Ela afirmou a importância de ensinar uma forma saudável de se relacionar com o ensino formal. Para eles, os/as educadores/as são alunos que sofreram muito com o ensino tradicional e querem proporcionar uma educação diferente para seus filhos. No entanto, não adiantaria não oferecer "conteúdos organizados", pois ainda estamos no sistema maior e os alunos ainda serão confrontados com isso no futuro. Por mais que os alunos possam ser pessoas autônomas e respeitosas, poderiam se sentir inferiores ao se encontrar com o ensino formal que, por sua vez, valoriza um pensamento racional e sistemático, duvidando de tudo o que lhe foi ensinado. Assim sendo, esta escola optou por um equilíbrio.

A escola não faz auto avaliações, pois pensam que esta é uma tarefa que está em amadurecimento entre os próprios educadores. Assim, eles vão sentindo como cada criança está em seu processo de estudo e aprendizagem. Nos últimos meses, fizeram um relatório sobre cada criança, mas foi uma péssima experiência: depois de ter todo o trabalho de discutir e organizar cada criança, nada mais fazia sentido, pois a criança já havia mudado.

O espaço da escola é no meio da natureza e valoriza-se muito a sustentabilidade. Os banheiros da escola, assim como os da comunidade, são secos. Ha divisão de lixo. Há árvores por todos os lados. O espaço físico é divido em três grandes casas: o refeitório + sala dos bebês, outra casa do infantil + administração, e outra para os ciclos 3,4 e 5. Apesar da divisão entre esses três últimos grupos, eles convivem no mesmo espaço e trocam bastante. Além disso, há uma casinha de música com uma biblioteca em cima, além de casas em miniatura de madeira, escorrega, pista de skate, cama elástica, entre outros brinquedos de parquinho. As crianças almoçam na escola e ficam de 08.30 as 12.30.
Para mais informações:
A escola Inkiri se localiza em uma ecovila chamada Piracanga, no litoral da Bahia, na península de Marau. A escola está dentro de uma comunidade, estando totalmente imersa nessa vivência ecológica e sustentável. A escola em 2017 possuia 23 crianças, podendo variar entre 20 e 40 crianças, dependendo da permanência dos familiares na ecovila. A escola se divide em 5 grupos: os bebês, a educação infantil e o grupo 3,4,5 - que corresponderia ao fundamental I e II.
Estes três últimos ciclos foram divididos naturalmente entre aqueles que ainda não eram alfabetizados, os que eram alfabetizados mas tinham dificuldades e os plenamente alfabetizados. Cada grupo possui um tutor de referência. No entanto, há uma pretensão de que estes tutores sejam rotativos, para que haja uma troca entre as crianças e os saberes e paixões desses educadores. O ensino fundamental I possuium convênio com a escola pública de Caubi, vila vizinha.


Todos os dias as crianças chegam e fazem um minuto de silêncio para abrir o dia. Depois, organizam seus próprios planejamentos - quais atividades gostariam de fazer em cada momento. A escola se organiza por projetos - cada grupo escolhe um tema de interesse para investigar. A partir do estudo dos projetos, os conteúdos vão sendo abordados. Não há educadores de áreas específicas, os 4/6 educadores da escola se organizam para estudar e abarcar as dúvidas necessárias. Quando há demandas, pesquisam juntos aos alunos ou buscam pessoas da comunidade que possam trabalhar eventuais temáticas.
Além dos projetos, os alunos mais velhos possuem pesquisas individuais a partir de temas de seu interesse. Mais do que um roteiro fixo de pesquisa, trata-se de um aprofundamento nos temas que lhes agradam. Alguns alunos costumam pedir o "momento português", "momento matemática" - aulas mais específicas.

Em termos de participação, a escola possui assembleia feita com as crianças. Os pais/mães gostam de participar da escola e muitos deles se mudaram para Piracanga para matricular seus filhos lá. Qualquer criança poderia estudar ali, mas devido à distância de Piracanga, só estudam as crianças que ali vivem.
A escola pretende se transformar em uma comunidade de aprendizagem. Ou seja, todos os projetos da comunidade atravessariam a escola e estariam totalmente interligados. Assim, seria possível aprender biologia com aqueles que trabalham na permacultura, física com aqueles que trabalham na construção, química com a cozinha, etc. Todos aqueles que vivem na comunidade seriam educadores. A escola está em um processo de formação com o Gaia Escola EcoHabitare.

































