Escola Sempre Viva, Praia dos Algodões. Bahia.

A dinâmica escolar se organiza através de projetos individuais, projetos coletivos e projetos de arte. A escola se inspira em diversos educadores, não seguindo uma linha especifica. Na parte da tarde, a escola oferece oficinas gratuitas abertas ao público. Dentre elas, há oficinas de capoeira, espanhol, inglês, fotografia e yoga. Há intenção de construir uma comunidade de aprendizagem, na qual as áreas de interesse da escola dialogam e são abordadas com a comunidade ao redor. A educadora citou um exemplo no qual os alunos estavam interessados em animais e convidaram os veterinários da região para explicar sobre o assunto. As crianças também fazem aula de surf com surfistas locais. Na epoca, os educadores da Sempre Viva estavam frequentando a formaçao da Gaia Escola, proporcionado pelo professor Zé Pacheco em Piracanga.

A escola busca que a família esteja totalmente integrada no processo educativo da criança. Há reuniões a cada duas semanas com as famílias. Os pais/mães que não tem condições de pagar a contribuição financeira mensal podem oferecer alguma forma de ajuda na escola, por meio de uma economia participativa. Existem pais/mães que possuem conhecimento em permacultura ou ajudam a limpar o local, por exemplo, em troca dos estudos dos filhos.

Em maio de 2017, tive o prazer de conhecer a Escola Sempre Viva, localizada na praia dos Algodões, na península de Marau. Amaya, mãe e uma das fundadoras da escola, nos recebeu com carinho para contar um pouco sobre a história da escola e depois caminhamos até o local. A escola foi criada a partir das mães e pais desta região. A Sempre Viva já existe há 4 anos e seu nome foi escolhido pelas próprias crianças. A escola recebe crianças entre 3 e 9 anos, sendo em média 20 crianças. Destas, 5 são nativas da região de Algodões. Em um primeiro momento, a escola acontecia na casa de uma das mães dos alunos e a proposta era totalmente livre. Por meio de doações e arrecadações, a escola ganhou o atual terreno e pôde contratar mais educadores, formulando uma proposta educativa. Hoje trabalham 3 educadores. A escola se organiza em 3 “ciclos”: I com crianças de 3 a 5 anos, II com crianças de 6 a 7 anos (trabalho com alfabetização) e III com 8 a 9 anos.

No dia a dia, a escola trabalha com os conteúdos básicos do PCN de forma interdisciplinar. Ao conversar com uma das educadoras, ela nos deu o exemplo de uma criança que estava interessada em realizar um projeto sobre mitos gregos. A partir deste interesse, além dos mitos em si, foi possível estudar onde é a Grécia, seus mares e relevos, sua história, etc. A professora se utiliza de livros, sendo a internet o último recurso. Caso a criança esteja por muito tempo focada em uma única área de aprendizagem, cabe a professora estimular e propor alguma atividade em outra área.

Os educadores possuem reuniões pedagógicas semanais. São os próprios educadores, junto às crianças, que preparam o lanche todos os dias. A comida é vegana. Existem “assembleias” que acontecem semanalmente com as crianças e os educadores, por meio do “bastão da palavra” – quem segura o bastão tem direito à voz, e assim se organiza o debate e a tomada de decisões. A escola tem início as 08h e termina ao 12h. No início e ao final de cada dia, todos cantam músicas de abertura e fechamento, como uma espécie de ritual.
O espaço da escola é bem bonito e cercado de natureza. Há três salas, sendo cada uma um espaço de referência para cada uma das três turmas. Algumas das salas foram construídas por meio de bioconstrução. No mais, é possível observar um parquinho, casa na árvore, balanços e tecidos pendurados.
Para mais informações:
http://www.escolasempreviva.org/quem-somos-nos/















