Escola Wahat al-Salam - Neve Shalom, Israel.

O fundador da comunidade é um cristão egípcio que acreditava que pessoas diferentes podem viver juntas em paz. Nos anos 70, recebeu um pedaço de terra do monastério de Latrun e esperou que as pessoas se juntasse à sua ideia. No início, esta comunidade não possuía agua, energia, nada. Hoje em dia, Wahat al-Salam - Neve Shalom é uma linda vila com 64 famílias, metade de judeus e metade de palestinos. Os membros da vila trabalham com cidades/bairros onde já existem judeus e palestinos que vivem juntos e com escolas de outros países em conflito.

Na escola, por exemplo, não se conta a história de Jesus falando “os judeus”, “os católicos”, “morte”, “bom”, “mal” – tenta-se fazer uma abordagem mais plural. Do mesmo modo, a criação do Estado de Israel é contada a partir das duas visões . Em Israel, os estudos/currículos/gastos de judeus e árabes são separados. Há dois anos atrás, diante de uma grave crise econômica, a escola se tornou publica e entrou no departamento judaico do Ministério da Educação. Ainda que sejam obrigados a ensinar matérias como Tanach (história da Tora) e História de Israel, buscam diariamente brechas e resistências.

Visitei a comunidade Wahat al-Salam - Neve Shalom em 2017. Trata-se de uma vila onde vivem judeus e árabes israelenses. A escola localizada na vila é a primeira escola binacional e bilíngue de Israel. Apesar de não trabalhar com educação democrática diretamente na dinâmica escolar, acho totalmente pertinente destacar esta escola devido a sua ideologia de paz e diálogo entre as diferenças. A diretoria abriu o nosso encontro afirmando: “não podemos mudar o passado, mas podemos aprender com ele para melhorar o futuro”.

Em 1984, os filhos destas pessoas começaram a crescer e se questionaram de que maneira gostariam de educa-los. No início, somente os filhos desta comunidade frequentavam a escola (14 crianças). Atualmente, a "Escola para Paz" recebe cerca de 250 alunxs, com uma educação pautada no diálogo. A maioria destes vem de fora da comunidade. Há uma intenção de ampliação até o Ensino Médio. Israel hoje conta com 6 escolas para árabes e judeus, apesar de não receber apoio do governo. A escola é conhecida internacionalmente e fazem parcerias com cursos em universidades voltados para a formação política de jovens.

Na vila, também há um centro espiritual pluralista baseado no silencio. Acredita-se que mesmo com religiões diferentes, é possível dividir o mesmo espaço de reza. Criaram uma construção redonda como forma de representar o universo. Acreditam que a língua comum entre todos os povos é o silencio. Assim, todxs podem frequentar este local para rezar e se conectar com a sua espiritualidade, em silêncio. Todas as festas religiosas são celebradas na vila enquanto forma de conhecer e respeitar as diferenças.
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