Jardim do Joá, Rio de Janeiro.

O espaço de educação infantil Jardim do Joá recebe crianças desde bebês (andantes) até uma média de 5 anos. No ano de 2017, a escola recebeu por volta de 20 crianças. Nem todas frequentam todos os dias. Ainda na luta por um reconhecimento burocrático, a escola tem a intenção de se tornar um centro cultural. Este dia que presenciei foi mediado por três educadoras. A escola já existe há 3 anos e está na nova sede (linda e arborizada) há 3 meses.
As educadoras reservam um período de meia hora antes do início das atividades (09h) para organizar o planejamento do dia. Apesar de haver algumas atividades propostas ao longo do dia, a escola tem uma dinâmica bem livre. Participa das atividades quem quiser. Quem não tem vontade, pode estar em um livre brincar. Neste dia, seriam realizadas atividade de yoga e culinária. Aos poucos, as crianças foram chegando. Uma educadora ficou responsável por receber os mais pequeninos em um quarto, como uma forma de aconchego para este momento da chegada e despedida dos pais/mães. As outras permanecem no salão principal recebendo os familiares e as demais crianças. Aparentemente, as crianças se despediram de seus pais/mães com tranquilidade, mostrando estar adaptadas e confortáveis com o espaço. Neste dia, a escola ia receber os avós de uma criança para construir 3 lixos para a escola, a partir da separação do lixo orgânico, reciclável e não reciclável.


Uma vez que todas as crianças chegaram, foi proposta a atividade de yoga. A professora se direcionou para a quadra com algumas crianças que pareciam estar entusiasmadas com este momento. Espontaneamente, cada um pegou o seu tapetinho (mat) e formaram um círculo. A educadora apresentou uma forma carinhosa e criativa de abordar yoga com crianças tão pequenas. A aula começou com todos fazendo “om” com as palmas das mãos reunidas frente ao peito. Ela fez uma relação muito lúdica de animais com as posturas da yoga. Assim, havia o “sampo zen”, a postura do macaco, o gafanhoto, a borboleta, etc. Iniciou-se um jogo no qual cada criança deveria retirar uma carta onde estava desenhada uma postura, e todos deveriam imitar. Depois, fez-se a saudação a lua: a educadora dava os comandos, sempre sorrindo e em tom de brincadeira, e todos seguiam. Em seguida, todos sentaram novamente em uma roda, dentro da qual havia uma vela. A intenção é que cada um observasse o fogo. Muitos disseram ter medo do fogo e a educadora desconstruiu a ideia de que o fogo é exclusivamente algo que queima, e consequentemente "negativo", afirmando ser um elemento muito poderoso.

Na hora do almoço, as crianças se sentaram em volta da mesa. Os alimentos foram colocados no centro e cada uma deveria se servir e fazer o seu prato. Após a refeição, cada criança deveria lavar o seu próprio prato. Algumas terminavam antes e logo queriam correr para brincar. Após o almoço, algumas crianças escolheram pintar e outras brincar com os brinquedos disponíveis ou de brincadeiras de correr do lado de fora do salão. O bolo finalmente ficou pronto e todos puderam cantar parabéns. Aos poucos, os pais/mães chegaram para buscar as crianças. Pelo o que compreendi, algumas permanecem na parte da tarde para fazer atividades extras como, por exemplo, capoeira. Enfim, senti o Jardim do Joá como um espaço com uma proposta de respeito a infância, crença na potencialidade do brincar e na integração com a natureza.
Para mais informações:
https://www.jardimdojoa.com.br/
A casa tem um grande e belo jardim, agregado de uma quadra e uma piscina. É possível observar um pequeno parquinho com balanços e uma horta. A estrutura fechada da casa possui um amplo salão, com uma espécie de divisão entre o local onde se come, o atelier de artes e a biblioteca. No meio do salão, encontra-se um tecido no qual as crianças podem se pendurar e fazer acrobacias. No chão, brinquedos disponíveis para serem explorados, assim como um grande piano e instrumentos musicais.

Após o momento da yoga, seguiu-se o momento culinária. Foi aniversario da cozinheira da escola e a proposta era cozinhar um bolo de banana para ela. As crianças se reuniram em torno da educadora e estavam muito ansiosas para participar de cada etapa. Uma queria colocar o óleo, outra o fermento, outra o açúcar e todas se empolgaram amassando a massa e misturando com o garfo. Era possível observar alguns espertinhos colocando o dedo na massa para provar antes do tempo. Outros lambiam aquilo que caia na mesa. Quando a educadora disse que eles poderiam lamber a tigela ao fim do processo, muitos sorrisos surgiram. O bolo foi para o forno e logo era a hora do almoço. As crianças foram lavar as suas mãos e algumas pararam no meio do caminho para escutar a história que estava sendo contada no salão pela avó presente naquele dia.



















